Recentemente joguei Chants of Sennaar, um jogo com a proposta de decifrar idiomas diferentes a cada fase que você avança. Ao jogar, eu sempre tentava primeiro identificar quais transcrições representavam os verbos do novo idioma, porque isso tornava mais fácil desvendar os mistérios do jogo.
Os verbos são a classe de palavras que semanticamente contêm a noção de ação, processo ou estado, e, do ponto de vista sintático, exercem a função de núcleo do predicado, mantendo uma relação direta com o sujeito da oração (adoro português).
O trabalho de um jornalista ou comunicador é, em grande parte, escolher as palavras, especialmente os verbos, que melhor representem a ação dos sujeitos envolvidos. A ação é sempre escolhida pelos sujeitos, pelos agentes, por aqueles que agem ou deixam de agir. Os comunicadores têm a responsabilidade de escolher as palavras que representam, da forma mais precisa possível, o que foi realizado na materialidade; fugir disso é falsear a realidade.
Dito isso, tentarei falar sobre a ação dos pré-candidatos a prefeito de Roteiro no dia de ontem apenas usando verbos.
Então, vamos lá.
Diante das fortes chuvas e de todo o transtorno que isso causou em Roteiro, dois agentes políticos se destacaram em nossas matérias.
Um deles foi, o outro visitou; um deles olhou, o outro agiu; um gravou vídeo apresentando soluções e apontando culpados, o outro registrou seu pé na lama e disse que não era hora de apontar culpados; um esteve só, o outro, acompanhado; um passou por lá, o outro esteve lá, abraçou, beijou, foi beijado, ouviu e foi escutado; um foi criticado pelos moradores da localidade, e o outro, aclamado por aqueles que ali estavam.
Antes que você se irrite comigo por imaginar que estou tentando depreciar ou beneficiar algum dos pré-candidatos, perceba que nenhum nome foi citado, mas cada verbo escolhido trouxe à memória as ações dos pré-candidatos. Seu incômodo pode ser causado pelo fato de eu estar colocando em palavras e evidenciando o que os agentes políticos fizeram ou deixaram de fazer, realidade que pode desagradar alguns e agradar outros.
Muitas pessoas criam suas próprias realidades por não gostarem daquela que está diante de seus olhos; contudo, esse processo pode ser descrito como autoengano. Contudo, negar a realidade não faz com que a realidade deixe de existir.
Sugiro que, ao invés de atacar a imprensa, cobre do seu pré-candidato ações concretas que tragam impactos positivos para a sociedade, compare com o que foi dito pelo jornalista e, depois, se necessário, cobre do jornalista os verbos adequados, que representem a realidade de forma mais precisa possível.
A ação sempre será responsabilidade dos pré-candidatos; o verbo que descreve a ação, do jornalista.
