Em 2020, após sua derrota nas eleições municipais, Thiago Cursino, que representava os interesses da família que administra a Praia do Gunga, tomou a decisão de retirar o ônibus que transportava trabalhadores de Roteiro até a praia. Muitos moradores interpretaram essa medida como uma retaliação política. Contudo, este ano, em uma entrevista no Instagram, Cursino alegou que a decisão foi motivada por questões econômicas.
Agora, em 2024, novos sinais de retaliação surgem. Após ser novamente derrotado por um candidato que está em Roteiro há menos de um ano, há relatos de que diversos trabalhadores, que não votaram em Cursino, estão sendo demitidos e expulsos da Praia do Gunga.
É importante destacar que demitir funcionários por motivos políticos pode trazer problemas legais à empresa, como, por exemplo, quando empresários foram condenados a pagar multas que chegaram até R$30 mil a funcionários demitidos nessas circunstâncias (TERRA 2024).
Conversamos com algumas pessoas sobre essa situação, e todas pediram anonimato por medo de novas represálias. Abaixo, três depoimentos selecionados:
Depoimento 1:
Um trabalhador, que atuava na praia há mais de uma década, relatou que foi demitido de forma humilhante, aos gritos. “Eles simplesmente gritaram que eu não trabalharia mais lá”, contou. Ele também disse: “A gente não tem voz. Eles pegam nosso dinheiro e temos que fingir que está tudo bem para não sermos mandados embora”.
Quando perguntado sobre como se sentiu, ele respondeu: “Me senti como um cachorro chutado para fora de casa. Trabalhei minha vida inteira lá e fui mandado embora desse jeito”. Ele afirmou que o motivo de sua demissão foi ter votado em Paulinho, prefeito eleito no último domingo.
Depoimento 2:
Outro funcionário relatou que, após seu chefe ser chamado pela gerência da Praia do Gunga, ele foi informado de que estava suspenso. Ao tentar resolver a situação, foi impedido de entrar no local pelo segurança, que informou que ele estava expulso da praia por ter votado no Paulinho.
Além disso, ele disse que viu um caderno com uma lista de outros nomes que também seriam demitidos e expulsos.
Depoimento 3:
Um terceiro trabalhador, que estava na praia há mais de quatro anos, contou que o dono do restaurante onde trabalhava foi forçado a demiti-lo. Ele afirmou que o proprietário tentou mantê-lo, mas não houve acordo com a administração, que estava decidida a demitir todos que votaram em Paulinho.
Esses são apenas alguns exemplos do que está acontecendo, e há relatos de que uma lista com mais de 70 nomes de funcionários ainda deve ser demitida.
A Praia do Gunga é claramente controlada pelos Cursinos, e esses relatos, em minha, percepção, trata-se de uma perseguição política implacável, uma retaliação pelo fato de seu representante não ter sido eleito. No entanto, essa estratégia pode ser arriscada se a família pretende lançar outro candidato nas eleições de 2028.
Até o momento, a Administração da Praia do Gunga não se pronunciou sobre os relatos. Caso queiram oferecer algum esclarecimento, estamos à disposição.
Referência
TERRA. Empresa é Condenada a Pagar R$ 30 mil a funcionário demitido por se negar a votar em Bolsonaro. www.terra.com.br. 2024. Disponível em: https://www.terra.com.br/economia/empresa-e-condenada-a-pagar-r-30-mil-a-funcionario-demitido-por-se-negar-a-votar-em-bolsonaro,421715293cf9c5519df5530c25c1d9135qiqyrsy.html#google_vignette Acesso em: 10 out. 2024.